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Agroecologia, ecofeminismo e a feira pedagógica

da Escola Família Agrícola de Santa Cruz do Sul (EFASC). (Eichler, Bruna Richter Eichler; Vergutz, Cristina Luisa Bencke., 2020).


Foto: Acervo EFASC. Santa Cruz do Sul, Outubro de 2019.


Este trabalho busca compreender a participação das mulheres na Feira Pedagógica da Escola Família Agrícola de Santa Cruz do Sul ?EFASC, de como acontece esse envolvimento das mulheres na produção dos alimentos agroecológicos através do cultivo, higienização, processamento e armazenamento, para posterior comercialização junto à Feira Pedagógica da EFASC. É uma pesquisa qualitativa, fruto de trabalho coletivo junto ao campo empírico da EFASC e emergente de uma pesquisa de doutoramento entrelaçada aos trabalhos junto ao Grupo de Pesquisa: Educação Popular, Metodologias Participativas e Estudos Decoloniais. Os caminhos metodológicos se constituem a partir de diálogos e da observação participante das autoras.


A Feira Pedagógica da EFASC existe desde o ano de 2012, nascendo do interesse e potencialidade de comercialização de produtos cultivados pelos e pelas estudantes no decorrer de sua formação na EFASC, incentivando o processo de transição agroecológica nas propriedades agrícolas. A EFASC oferta ensino médio e técnico em agricultura para filhos e filhas de agricultores e agricultoras da região do Vale do Rio Pardo- RS. A feira transcorre articulada com o plano de formação, sendo um instrumento pedagógico da pedagogia da alternância da EFASC, entrelaçando-se à agroecologia enquanto princípio de sua práxis político pedagógica e visão de mundo. Estando no currículo da escola, homens e mulheres participam da feira, trazendo alimentos produzidos das suas propriedades.


Entretanto, no recorte das mulheres, identifica-se que sua participação transcorre tanto na produção de alimentos in natura como alface, temperos, repolho, couve-flor, brócolis, frutas de época, mas, principalmente, em alimentos processados, como bolachas e pães. Isso aponta ao envolvimento das mulheres no trabalho doméstico e de cuidado associado à partilha de saberes entre essas mulheres. São conhecimentos construídos socialmente e materializados no passar de geração para geração dentro do ambiente familiar. São formas de produzir e de reproduzir a vida, recheadas de epistemologias e ontologias intergeracionais, que têm na centralidade do trabalho, da manutenção da vida e da reprodução da próxima geração, a existência de trabalhos socialmente necessários, que são executados majoritariamente por mulheres dentro das famílias.


Assim, associando ao foco agroecológico da formação na EFASC, também denominada como agricultura natural/ecológica, na qual a natureza é entendida no seu todo, interligada, como um sistema em que todos os fatores dependem uns dos outros, e tudo que é feito influencia todo o sistema. Compreendemos a participação das mulheres, na Feira Pedagógica da EFASC, como imbricada em possibilidades de ser, existir e de se relacionar com o mundo e seus sujeitos, tendo a compreensão de finitude do planeta e da necessidade de reconhecer e revistar práticas, saberes e costumes que possibilitem a (re)organização da vida na agricultura. É o entendimento de que a vida se situa no centro, a partir da lógica ecofeminista, nos compreendendo como seres ecodependentes e interdependentes, produzindo e reproduzindo a vida, mas não qualquer tipo de vida, uma vida que merece ser vivida: justa, solidária e crítica para mulheres, homens, crianças, jovens e idosos.


EICHLER, Bruna Richter Eichler; VERGUTZ, Cristina Luisa Bencke. Agroecologia, ecofeminismo e a feira pedagógica da Escola Família Agrícola de Santa Cruz do Sul (EFASC). XXVI Seminário de Iniciação Científica, II Mostra de Extensão, Ciência e Tecnologia, 2020. Disponível em: https://online.unisc.br/acadnet/anais/index.php/mostraextensaounisc/article/view/20712

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